Classificação para as semifinais no sufoco

 


O Grêmio venceu o Ypiranga de Erechim por 3 a 2 nessa noite de sábado (24) e se classificou para as semifinais do Campeonato Gaúcho. O torcedor gremista que viu o jogo fica feliz pelo resultado, mas preocupado com o desempenho outra vez.

Antes de iniciar o jogo, a primeira escalação de Tiago Nunes já colocou uma pulga atrás da orelha da torcida. Os criticados Paulo Miranda e Cortez titulares, enquanto Ruan e Diogo Barbosa na reserva. Há de se fazer a ressalva de que o jovem zagueiro foi titular há dois dias e estaria sendo poupado, enquanto Diogo Barbosa recém se recuperou da covid-19, mas o questionamento que o torcedor faz é: não há outros jogadores no elenco capazes de atuar com melhor desempenho do que esses escolhidos por Tiago Nunes?

No primeiro tempo, o Ypiranga foi para cima do Grêmio, imprimindo um rápido ritmo no ataque e empurrando o tricolor para dentro do próprio campo. Foi perigoso ao ocupar os espaços e aproveitar as falhas de marcação na defesa e no meio-campo gremista.

Entretanto, aos 20 minutos, em um dos raros momentos que o Grêmio foi competente para atacar, Matheus Henrique enfim apareceu na articulação de jogadas, e cavou um pênalti que foi convertido pelo letal Diego Souza. Um chute forte e seco no meio do gol, sem chances para o goleiro.

Após o gol do centroavante gremista, o Ypiranga até esboçou uma reação, mas durou pouco tempo. O goleiro do time canarinho se atrapalhou na saída com os pés (problema recorrente no futebol brasileiro) e deu a bola de graça para Jean Pyerre, que só rolou para Léo Pereira fazer sem goleiro.

A equipe do norte gaúcho pareceu ter sentido o golpe, poucos minutos depois em uma jogada de contra-ataque, o Grêmio chegou ao terceiro gol com uma batida firme de Vanderson, mostrando muita personalidade e se habilitando cada vez mais a disputar a vaga na lateral com o experiente Rafinha.

Mais uma vez o Ypiranga foi ao ataque, entretanto, dessa vez começa a impor uma jogada que foi predominante durante o restante do jogo: a bola área. O Grêmio sofreu até o fim da partida com levantamentos na área, o time não se adaptou a uma importante mudança no sistema de marcação, que antes com Renato era individual e agora com Tiago é por zona. Apesar disso, terminou o primeiro tempo e o Grêmio resistiu à pressão do Ypiranga, mas por pouco não tomou o gol em cabeçadas ou interceptações mal resolvidas pela defesa na pequena área.

Também é preciso salientar que o goleiro Brenno, proprietário de várias atuações de luxo na meta gremista, hoje se complicou naquilo que parece ser seu calcanhar de aquiles. Falo da saída do gol, demonstra estar um pouco afoito e perdido com o tempo de bola.

No segundo tempo, o problema da volta do intervalo se repetiu, o Grêmio iniciou a segunda etapa completamente desatento na marcação e permitiu que o Ypiranga, aos 5 minutos de jogo, marcasse seu gol em uma bobeira do Grêmio, que deixou um buraco imenso na entrada da grande área, onde ninguém acompanhou o lateral Zé Mario, que bateu de canhota fora do alcance de Brenno.

O time canarinho se empolgou e o tricolor nada fez. Dois minutos depois, Cortez abriu uma avenida no lado esquerdo para Mossoró, que aproveitou o espaço e acertou um belo chute no canto direito do arqueiro gremista. O Ypiranga estava com um ímpeto forte e ameaçou colocar em risco a liderança do Grêmio na tabela.

Foi aí que o Grêmio despertou. O time começou a fechar os espaços que estavam livres e Tiago Nunes povoou o meio-campo com a entrada de Lucas Silva, que ajudava na recomposição. No entanto, a construção de jogo foi improdutiva mais uma vez. Matheus Henrique e Jean Pyerre não fizeram um bom jogo e comprometeram a produção de ações ofensivas. 

A atuação apagada dos meias contribuiu para que Ferreira e Léo Pereira não tivessem destaque nas finalizações. O camisa 11 até tentou jogadas de vitória pessoal, mas não teve sucesso no último passe, já o jovem que substituiu o lesionado Alisson e marcou o gol no primeiro tempo, não conseguiu aparecer no restante do jogo em virtude da sua solidão no lado direito ofensivo, já que Vanderson estava sobrecarregado na marcação. Tiago Nunes observou que Léo Pereira estava mal e fez a troca por Léo Chu, que até entrou bem, envolvendo os adversários a dribles e tirando a defesa do Ypiranga da zona de conforto.

Por sorte, o jogo terminou com vitória dramática do Grêmio, que chegou a levar uma bola na trave aos 36 do segundo-tempo, que sufoco! Com falhas sérias na marcação e na construção, o Grêmio se classifica e enfrenta o Caxias nas semifinais. Todavia, em seu primeiro jogo a frente da equipe, Tiago Nunes deve ter percebido os defeitos da equipe e o quão comprometedores eles foram para o rendimento do Grêmio. Vamos ver se ele consegue corrigir a tempo da próxima rodada da Copa Sul-Americana, quinta-feira contra o Lanús em La Fortaleza, na reedição da nostálgica final da Libertadores de 2017.


Texto: Marcelo Henrique 

Foto: Lucas Uebel / Grêmio FBPA

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