Outro revés continental escâncara a crise tricolor
É difícil encontrar explicação para mais um fracasso em competição continental. A derrota e eliminação para a LDU na terça-feira (20) pelas oitavas de final da Copa Sul-Americana sinalizou vários problemas do clube. O que mais incomoda é a falta de capacidade nos últimos anos para se fazer um time de qualidade, a direção do Grêmio que faz tantos diagnósticos vem provando que entende pouco de futebol. Contratou dezenas de jogadores e se um ou dois deram certo foi muito. Incompetência pura.
De que adianta ser um clube superavitário, que sabe administrar financeiramente a instituição e que possui uma estrutura de ponta, se o time de futebol principal é fraco e insuficiente? O Grêmio teria tudo para trocar figurinha com Flamengo, Atlético-MG e Palmeiras, se soubesse investir o seu dinheiro. O tricolor dificilmente faz uma contratação que dá certo, sei que erros podem acontecer na escolha da contratação, mas o que explica tantas falhas ao comprar jogadores? Quando rescinde contratos milionários como Diego Tardelli, André e Thiago Neves, o clube se sabota e escancara sua ineficiência ao montar um elenco de qualidade.
Se esperava um cenário diferente após a chegada de Felipão. Jogadores contestados que já provaram que não servem mais, continuam titulares, Cortez e Alisson são intocáveis, permanecem no time pela falácia da função tática, mas na prática marcam e entregam pouco. A direção também declarou que iria atrás de reforços para o novo treinador, porém não consegue contratar e não tem criatividade para buscar soluções no mercado.
Não bastasse todos esses problemas, ainda há uma forte especulação de que o presidente Romildo Bolzan estaria mexendo os pauzinhos para concorrer ao pleito eleitoral de 2022, como candidato à governador do RS. Isso pode abrir margem para conflitos internos políticos, pois aparentemente o presidente almeja sair do Grêmio daqui há alguns meses para se preparar sua campanha, e outros membros do Conselho de Administração devem discutir quem será o substituto do mandatário.
Elenquei algumas perspectivas que podem explicar o contexto turbulento do tricolor. O problema é estrutural, se torna impossível apontar o dedo para um único culpado nessa crise toda. É culpa da direção que contrata mal e fornece salários exorbitantes para jogadores ruins, é culpa de Felipão e dos outros treinadores que dão chances para atletas que não podem mais jogar com a camisa do Grêmio, e também é culpa dos jogadores que rendem pouco e são muito bem pagas para desempenhar o melhor futebol. Ou seja, o buraco é muito mais em baixo.
Texto: Marcelo Henrique.
Foto: Lucas Uebel / Grêmio FBPA.
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