A estreia vitoriosa na Sul-Americana

  

Com olhares do novo treinador, Tiago Nunes, o Grêmio estreou na Copa Sul-Americana com vitória de 2 a 1 sobre o La Equidad da Colômbia. Um jogo onde talvez o resultado mais justo seria o empate... Empate? Explico:

O Grêmio fez um primeiro tempo de pleno domínio sobre o adversário, controlou a posse de bola, foi protagonista de todas as ações ofensivas e não deu espaço para os colombianos respirarem em nosso campo. O produto final desse domínio foi aos 36 minutos, quando o ousado Ferreira balançou o lateral e fez um belo cruzamento para cabeçada fatal do fazedor de gols, Diego Souza.

Ferreira tem sido o destaque gremista, se mostra um jogador destemido. Quebra as linhas de defesa do adversário com seus dribles e participa efetivamente gols do Grêmio, seja com bola na rede ou com assistência, como foi hoje.

Ainda na etapa inicial, Alisson sofreu uma entrada criminosa que culminou na sua saída de campo e preocupação com uma iminente lesão que pode comprometer a sua continuidade na temporada. Não é um jogador bem quisto pela torcida em virtude de suas participações pouco eficientes no time, mas fica registrada a minha solidariedade para que não seja nada grave e se recupere o mais rápido possível.

Para suprir a ausência do camisa 29, entrou o garoto Léo Pereira para ocupar o lado direito de ataque. Durante o tempo que esteve em campo me pareceu um pouco disperso, confesso que esperava mais dele, mas não tenho a pretensão de ser leviano com um jovem que vem fazendo suas primeiras partidas no profissional e hoje teve que entrar no jogo de forma inesperada.

No segundo tempo, vi uma cena de flash back com a tragédia de semana passada quando caímos para o Independiente del Valle na pré-Libertadores. Um Grêmio desligado após o intervalo e oferecendo muito espaço para o adversário atacar. Tiago Nunes vai precisar trabalhar para que o time seja mais constante durante as partidas.

Oscilação tem sido uma característica presente na equipe, e em especial na figura de dois meio-campistas, um deles elogiado por esse blogueiro recentemente. Falo de Jean Pyerre, que mais uma vez não manteve o nível de suas atuações anteriores. Repetiu a mania de se afastar do gol adversário e foi pouco participativo nas vezes que o Grêmio foi ao ataque. Outro que já demonstrou potencial mas foi mal de novo é Matheus Henrique, o volante tem sido burocrático em suas escolhas, fazendo passes laterais e fugindo do jogo vertical. Também tem falhado em sua saída de bola. No seu tradicional domínio e giro sobre o adversário, Matheus sofre desarmes e deixa a defesa em maus lençóis.

Além disso, poucas vezes o Grêmio chegou com perigo ao gol adversário. O time teve extrema dificuldade de fazer a conexão entre defesa e o ataque. Sinal de que meio-campo não consegue funcionar, falta movimentação e criatividade, tanto para Matheus Henrique, quanto para Jean Pyerre. Thiago Santos não entra na equação, pois é um jogador de outra exigência, que é defensiva, onde tem se saído muito bem.

As inconstâncias individuais e coletivas do Grêmio permitiram ao La Equidad tomar conta do jogo, finalizando várias vezes e dando trabalho para Brenno, que mais uma vez, fez intervenções milagrosas para salvar o time. 

Porém, a pressão colombiana sucumbiu quando Paulo Miranda marcou após assistência de Diego Souza, aos 31 minutos da etapa complementar. Quem poderia imaginar que o gol do alívio sairia dos pés do tão contestado zagueiro reserva? 

Ele precisou entrar para suprir a ausência de Rodrigues, expulso após agredir o lateral Walmer Pacheco. Embora o La Equidad se mostrou bastante agressivo durante o jogo (com direito a jogador expulso no fim da partida), é preciso saber lidar com a situação para não cair na pilha do adversário, como caiu o jovem zagueiro. Esse é outro problema que precisa ser solucionado imediatamente pelo novo treinador, tem faltado maturidade aos jogadores para terminar a partida sem expulsões.

No fim do jogo, quando se esperava que o placar de 2 a 0 já estava determinado, o atacante Omar Duarte marcou, após falha de Rafinha. Ficou barato o desconto, La Equidad criou várias chances durante o segundo tempo, e só conseguiu fazer o gol no apagar das luzes. Por isso em minha opinião, acredito que o empate seria o resultado mais justo.

Mas quem disse que o futebol é sobre justiça? Bom para nós. Os três pontos na estreia da competição intercontinental trazem tranquilidade para o início do trabalho de Tiago Nunes, e contribuem para a retomada de confiança do time após a dolorosa queda na pré-Libertadores.

Texto: Marcelo Henrique 

Fotos: Lucas Uebel / Grêmio FBPA