Liderança sob a batuta de Jean Pyerre

 

O Grêmio venceu o Novo Hamburgo por 3x1 e assumiu a ponta da tabela do Campeonato Gaúcho. Se essa frase fosse dita em qualquer outro momento, seria de puro deleite para o torcedor ouvi-la. Mas existem algumas preocupações que constituem um ambiente instável na Arena: queda na pré-Libertadores, demissão do técnico-ídolo, incerteza sobre a futura comissão técnica e a revitalização do seu departamento de futebol.

Mas falando sobre o jogo em si, me agradou bastante a postura da equipe durante boa parte dos 90 minutos, sufocando o adversário com rápidas jogadas de combinações, e aplicando um expressivo volume de jogo. Diego Souza (duas vezes) e Jean Pyerre guardaram e colocaram o Grêmio na liderança, com um ponto na frente do maior rival e já com vaga garantida nas semifinais do estadual. A decisão pra ver quem vai ter o mando de campo nas fases finais fica para a última rodada.

É preciso fazer o elogio a Diego Souza. O centroavante foi às redes novamente ontem. Contra o Noia, superou a marca de 50 gols com a camisa gremista, Diego vive a melhor fase da carreira com 35 anos, incrível!

Claro, há de se ponderar que a qualidade do time do Vale dos Sinos é substancialmente inferior que a do Grêmio, Gauchão não é parâmetro. Mas também é preciso frisar que o tricolor teve competência de criar chances e convertê-las.

Chances essas que um jogador contestado teve participação fundamental em suas construções, Jean Pyerre. O camisa 10 fez uma bela atuação ontem, com bastante movimentação e envolvimento nas jogadas de ataque. Jean foi responsável por cartear o jogo. Em alguns momentos pecou no seu recorrente erro de se afastar do ultimo terço da campo, local mais decisivo de sua função, mas isso é um ajuste que o novo treinador deverá fazer. Pelas informações que pipocam nos últimos dias, deverá ser Tiago Nunes, que inclusive já trabalhou com a joia de Alvorada.

E por falar em jogador criticado, no seu segundo jogo com a camisa do Grêmio, Thiago Santos já disse ao que veio, fazendo exatamente o que se pretendia com sua contratação: dar segurança a zaga e liberar os meias (não é coincidência que JP teve atuação de destaque). Chama atenção a alta quantidade de desarmes e interceptações que o volante faz, parece que vai ser bastante útil na retomada da posse de bola e na construção de jogadas. Só o tempo e seu futebol vão dizer se as críticas de sua contratação foram justas.

Caso ele não consiga ser eficiente, o garoto Victor Bobsin ameaça à sua titularidade, o volante canhoto que entrou no segundo tempo se mostrou bastante seguro e demonstrou um jogo bastante propositivo, o que dialoga com o perfil do meio-campo gremista nos últimos anos.

Além disso, é importante salientar que o técnico interino Thiago Gomes não interferiu na formação tática e na escalação, ele se sustentou no passado vencedor do esquema e das peças que Renato usava, e portanto não precisava de alteração. No conjunto da obra deu certo, entretanto, essa manutenção permitiu a titularidade dos improdutivos Cortez e Alisson, em detrimento do uso da gurizada promissora, como Guilherme Guedes e Léo Chú. Ambos já mostraram que tem potencial e podem dar conta do recado, esse último foi decisivo no último Grenal de Renato como treinador.

Apesar disso, o Grêmio terminou a partida com 8 jogadores da base em campo. Um alento em meio a uma época conturbada na Arena, pois a base pode oferecer solução técnica e financeira, basta apostar e dar mais oportunidades.

Texto: Marcelo Henrique

Fotos: Lucas Uebel / Grêmio FBPA


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