Rio Grande do Azul

Quatro vezes seguidas. Com o empate de 0 a 0 no grenal da Arena, Grêmio consolida a hegemonia no Rio Grande do Sul e leva o tetracampeonato gaúcho nesse domingo (23). Um jogo que premiou o time de melhor campanha no Gauchão e confirmou a supremacia tricolor em quatro partes: emocional, técnica, física e tática. 

Emocional:

O capitão do Inter perdeu a cabeça nos dois grenais da decisão estadual. No Beira-Rio, quando o colorado toma a virada, Rodrigo Dourado desaba no chão. Na Arena, ele cai na provocação de Thiago Santos e rifa a bola em oportunidade de ataque para o Inter. Ora, quando o capitão de um time e a liderança do vestiário age dessa forma, há um claro indicativo que o Inter ainda não tem condições psicológicas e emocionais para enfrentar o Grêmio, que cada vez mais joga a pressão para o outro lado. Tendo em vista o histórico recente de supremacia tricolor, fica mais fácil para o Grêmio administrar as emoções. Isso fica nítido quando o jovem Yuri Alberto cede à malandragem do experiente Rafinha. Ambos protagonizaram uma vergonhosa cena, que resultou em expulsões e confusão, mas que poderia ser evitada caso Yuri Alberto não caísse na provocação do lateral multicampeão. 

Técnica:

Embora o Internacional tenha jogadores de grande qualidade que poderiam ser titulares no Grêmio como Edenilson e Yuri Alberto, no conjunto da obra o tricolor possui mais recursos para garantir a superioridade gremista. Destacam-se os virtuosos: Geromel, Rafinha, Matheus Henrique, Ferreira e Diego Souza, que vem desequilibrando tecnicamente, seja por decisões individuais ou ações coletivas. Fora quando não aparecem Vanderson, Ricardinho ou Léo Chú do banco de reservas para agregar soluções; indicando que a qualidade do Grêmio não se limita apenas aos 11 que iniciam o jogo. Por esses motivos, o Grêmio sobra na comparação ao elenco adversário. 

Física:

O preparador físico gremista Reverson Pimentel chegou na Arena para arrumar a casa. Na temporada passado com a antiga equipe da preparação física, na maioria dos jogos o Grêmio terminava o segundo tempo sem forças para avançar ao ataque, e passava grande parte da etapa complementar correndo atrás do adversário no seu próprio campo. Esse baixo rendimento físico potencializava suas chances de sofrer gols. Já em 2021 com o ex-preparador do Bragantino, a situação vem gradualmente mudando, e para melhor. O Grêmio termina a partida de ontem cozinhando o jogo no campo do Inter, mordendo a marcação colorada. Os grandes buracos que existiam na defesa do Grêmio por falta de pulmão para repor os espaços, hoje não aparecem mais.

Tática:

Desde que Tiago Nunes assumiu a casamata tricolor ele deixou bem claro qual seria seu estilo de jogo e qual seria os seus 11 titulares. Um 4-1-2-3, com uma linha defensiva bem postada, um volante fixo na entrada da grande área, a movimentação de dois meio-campistas para fazer a transição rápida entre defesa e ataque, e o trio de atacantes criando situações na frente. Assim, de maneira definida, clara e objetiva, joga o Grêmio de Tiago Nunes. Diferente de Miguel Angel Ramirez pelo Inter, que muda as peças e a estrutura do time em praticamente todos os jogos.

Esses quatro fatores ajudam a compreender o título estadual de 2021. Uma conquista que certamente dá prestigio e força a Tiago Nunes, que está invicto desde que chegou e que tem grande perspectiva de fazer seu time engrenar nas outras competições. Com o importante acréscimo de Douglas Costa e o alívio de manter o domínio estadual conquistado por Renato Portaluppi, Tiago Nunes terá estofo para marcar seu nome na história do Grêmio.



Texto: Marcelo Henrique.

Fotos: Lucas Uebel / Grêmio FBPA.


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