Uma estreia para esquecer


Nesse domingo (30) o Grêmio perdeu por 3 a 2 para o time reserva do Ceará no Castelão pela estreia do Brasileirão 2021. A derrota derrubou uma série invicta de 13 jogos do tricolor e marcou o primeiro revés da era Tiago Nunes. O treinador testou positivo para covid e não esteve presente à beira de campo para comandar a equipe, de todo modo isso não tira as responsabilidades que Tiago Nunes teve no jogo. A escalação e as variações táticas eram executadas por ele através de seus auxiliares técnico. 

Tiago errou na escolha e no posicionamento dos 11. Lucas Silva deixou o meio-campo pesado e sem mobilidade, isso prejudicou a participação dos pontas Léo Pereira e Léo Chu. Com o volante em campo, o Grêmio perde em construção e articulação. Jean Pyerre poderia ser escalado mas foi preterido. Como consequência, o Grêmio sofreu no meio de campo, ao contrário dos últimos jogos, a saída da defesa e a passagem para o ataque ficaram lentas. 

Outro que também teve péssimo desempenho foi Diogo Barbosa, que tem uma séria deficiência na marcação e não consegue compensar nas chegadas ao ataque. Cortez precisou entrar no segundo tempo para neutralizar as fortes investidas do Ceará pelo lado direito. 

Soma-se a isso a postura apática do Grêmio dentro de campo, pouco envolvimento com a partida e dando a entender que poderia vencer o jogo a qualquer momento. Isso ficou nítido nos gols que tomou. Não fosse as grandes intervenções de Brenno, o tricolor poderia ser goleado pelos reservas do Ceará. Inadmissível para quem ser campeão.

Os últimos minutos da primeira etapa foram uma exceção gremista. Vanderson passou como quis pela defesa cearense e marcou um gol de placa no Castelão. Impressiona o vigor e a técnica apurada do lateral reserva, que certamente será útil para a grande quantidade de jogos na temporada.

No segundo tempo, o Grêmio foi diferente, pelo menos nos primeiros minutos. Tiago Nunes corrigiu a escalação e promoveu as entradas de Cortez, Jean Pyerre e Jhonata Robert. Com essas mudanças, o Grêmio passou a ocupar mais o ataque e criar chances de gol. 

Em uma escapada de Léo Chú pelo lado esquerdo, Ricardinho empurrou o cruzamento do ponta para o fundo das redes. O Grêmio reagiu com apenas 3 minutos do segundo tempo, a expectativa era pela virada. Mas não aconteceu. 

Durante o resto do jogo, ambas as equipes se mostraram mais empolgadas com o empate do que com a vitória. A falta de criação no meio-campo perseguiu o Grêmio, mesmo com Jean Pyerre em campo. O agora camisa 88 se afastou da entrada da área e dificultou a produção de lances de perigo. Um jogador tão talentoso não pode jogar na intermediária, ele precisa estar no ataque, seja para servir os atacantes ou chutar a gol. 

Quando tudo parecia se encaminhar para um empate desanimador, o Ceará achou um gol em jogada de extrema desatenção de todo o sistema defensivo gremista, especialmente Brenno. Se sobrou agilidade nas suas defesas milagrosas durante o jogo, faltou experiência para acompanhar o ataque adversário. Porém é preciso ter calma com o garoto. Ele tem crédito, salvou o time em vários jogos e não pode ser queimado por um ato isolado.

De todo modo, o gol sofrido no apagar das luzes retratou o comportamento do time gremista nesse jogo. A falta de comprimento foi a cara da estreia do Grêmio no Campeonato Brasileiro. Claro, é preciso levar em conta as ausências importantes na equipe por causa dos casos de covid, mas para um time cuja diretoria prometeu a disputa pelo título, muitas coisas precisam ser corrigidas. 


Texto: Marcelo Henrique. 

Fotos: Lucas Uebel.

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